quinta-feira, 5 de abril de 2012

O tempo Sagrado da Páscoa Cristã (segundo a paróquia São Sebastião)



Neste tempo somos chamados a celebrar a Páscoa. Antes de ser uma celebração externa, a Páscoa nos convida para um movimento espiritual em nossa Alma.
Começamos na quaresma percorrendo o deserto, somos tentados como Jesus e com Cristo, vencemos!

Antes de iniciar sua vida pública, logo após ter sido batizado por João no rio Jordão, Jesus passou 40 dias no deserto.  Esse retiro de Jesus mostra a necessidade que Ele teve em se preparar para a missão que O esperava.  Contam os Evangelhos que no deserto Jesus era conduzido pelo Espírito, o que quer significar que vivia em oração e recolhimento, discernindo a vontade de Deus para Sua vida e como atuaria a partir de então.(...) As tentações que Jesus viveu – e venceu! – nos são apresentadas como aquelas que também nós vivemos e precisamos vencer.  Jesus havia experimentado o encontro com o Pai em sua totalidade, no silêncio e na solidão do deserto. (do sitehttp://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia...)


Após esses dias, começamos então a percorrer o Caminho de Cristo – a via sacra – até a Ressurreição por isso precisamos mergulhar no significado de cada momento espiritual como uma força para nossa transformação, como discípulos que somos.
O sacrifício de Cristo na cruz não é um acontecimento do passado, este sacrifício está além do tempo e do espaço, até o fim dos tempos, e nesse momento especial da Páscoa, ele produz para os que a vivem em Espírito e Verdade, frutos de Luz para a continuação de nossa caminhada na Terra tendo em vista o Céu, nossa morada eterna!

A Páscoa é  fonte de vida que deve ser renovada em nosso dia-adia, é um convite a ser, viver e gerar a esperança de um mundo melhor; esperança de sermos pessoas melhores. A ressurreição de Jesus projeta uma luz esclarecedora sobre a nossa realidade, sobre a razão da nossa vida, nossas posturas. Ë com o coração aberto que entendemos o sentido da Páscoa, é mudando o olhar sobre as questões sociais, é refletindo as atitudes tomadas (...)Acreditar na Páscoa é acreditar no Homem Novo que nasce dentro de nós a partir da ressurreição do Senhor e movido por um novo sopro de encanto pela vida, pela vida BEM vivida: lutando para vencer o sofrimento, investindo na fraternidade, dizendo “sim” ao amor, construindo a paz, sendo presença amiga e ajudando mais gente a ser “pessoa’.. (do site:http://www.santissimavirgemaria.com.br/pascoa_vida_nova.html)

Os dias mais importantes da Páscoa estão no chamado Tríduo Pascal:
Tríduo Pascal
São os três dias mais importantes de todo o nosso calendário litúrgico, sendo o ponto culminante a Vigília Pascal. O tríduo se inicia com a celebração da Quinta-feira Santa e termina com as vésperas do Domingo da Ressurreição.
Quinta-feira Santa da Ceia do Senhor. Nesta celebração, somos convidados a celebrar a Nova Aliança selada com o Corpo e o Sangue do próprio Cristo. O gesto do lava-pés mostra Jesus como aquele que veio para servir e ao mesmo tempo nos convoca ao serviço do Reino.
Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor. Nesta celebração, somos convidados a compreender e a viver mais profundamente o mistério da cruz.
Sábado Santo. É o dia da oração silenciosa. Recordamos a morte e o sepultamento de Cristo.
Vigília Pascal e Domingo da Ressurreição. É a festa da Vida Nova: a Liturgia do Fogo e da Luz, em que o Círio Pascal é aceso com o fogo novo e representa o Cristo Ressuscitado que, com sua luz, vence a escuridão; a Liturgia da Água e do Batismo, quando toda a assembléia é convidada a renovar as promessas batismais e a professar solenemente a fé; e a Liturgia Eucarística.

Cada discípulo é chamado, nesses dias, a viver a experiência da morte e ressurreição, a permanecer com Cristo porque este Cristo está vivo em cada um de nós, de modo pessoal e também em toda a humanidade.
Vivamos então este Tempo Sagrado, transportando-nos internamente para perto de nosso Amado Cristo em cada dia do Tríduo. Sempre com Maria, nossa Mãe!

Feliz Páscoa para todos!
Alegria sempre!



Vigília Pascal: símbolos e significado

Celebração central do calendário litúrgico é a mais importante na Igreja Católica


D.R. | Círio pascal
Na noite, em que Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja convida os seus filhos a reunirem-se em vigília e oração. Na verdade, a Vigília pascal foi sempre considerada a mãe de todas a vigílias e o coração do Ano litúrgico. A sensibilidade popular poderia pensar que a grande noite fosse a noite de Natal, mas a teologia e a liturgia da Igreja adverte que é a noite da Páscoa, «na qual a Igreja espera em vigília a Ressurreição de Cristo e a celebra nos sacramentos» (Normas gerais sobre o Ano litúrgico, 20). No texto do Precónio pascal, chamado o hino “Exsultet” e que se canta nesta celebração, diz-se que esta noite é «bendita», porque é a «única a ter conhecimento do tempo e da hora em que Cristo ressuscitou do sepulcro! Esta é a noite, da qual está escrito: a noite brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz». Por isso, desde o início a Igreja celebrou a Páscoa anual, solenidade das solenidades, com um vigília noturna.
A celebração da Vigília pascal articula-se em quatro partes: 1) a liturgia da luz ou “lucernário”; 2) a liturgia da Palavra; 3) a liturgia batismal; 4) a liturgia eucarística.
1) A liturgia da luz consiste na bênção do fogo, na preparação do círio e na proclamação do precónio pascal. O lume novo e o círio pascal simbolizam a luz da Páscoa, que é Cristo, luz do mundo. O texto do precónio evidencia-o quando afirma que «a luz de Cristo (...) dissipa as trevas de todo o mundo» e convida a «celebrar o esplendor admirável desta luz (...) na noite ditosa, em que o céu se une à terra, em que o homem se encontra com Deus!».
2) A liturgia da Palavra propõe sete leituras do Antigo Testamento, que recordam as maravilhas de Deus na história da salvação e duas do Novo Testamento, ou seja, o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos, e a leitura apostólica sobre o Batismo cristão como sacramento da Páscoa de Cristo. Assim, a Igreja, «começando por Moisés e seguindo pelos Profetas» (Lc 24,27), interpreta o mistério pascal de Cristo. Toda a escuta da Palavra é feita à luz do acontecimento-Cristo, simbolizado no círio colocado no candelabro junto ao Ambão ou perto do Altar.
3) A liturgia batismal é parte integrante da celebração. Quando não há Batismo, faz-se a bênção da fonte batismal e a renovação das promessas do Batismo. Do programa ritual consta, ainda, o canto da ladainha dos santos, a bênção da água, a aspersão de toda a assembleia com a água benta e a oração universal. A Igreja antiga batizava os catecúmenos nesta noite e hoje permanece a liturgia batismal, mesmo sem a celebração do Batismo.
4) A liturgia eucarística é o momento culminante da Vigília, qual sacramento pleno da Páscoa, isto é, a memória do sacrifício da Cruz, a presença de Cristo Ressuscitado, o ápice da Iniciação cristã e o antegozo da Páscoa eterna.
Estes quatro momentos celebrativos têm como fio condutor a unidade do plano de salvação de Deus em favor dos homens, que se realiza plenamente na Páscoa de Cristo por nós. Por consequência, a Ressurreição de Cristo é o fundamento da fé e da esperança da Igreja.
Gostaria de destacar dois elementos expressivos desta solene vigília: a luz e a água.
A Vigília na noite santa abre com a liturgia da luz, evocando a ressurreição de Cristo e a peregrinação de Israel guiado pela coluna de fogo. A liturgia salienta a potência da luz, como o símbolo de Cristo Ressuscitado, no círio pascal e nas velas que se acendem do mesmo, na iluminação progressiva das luzes da igreja, ao acender das velas do altar e com as velas acesas na mão para a renovação das promessas batismais. O símbolo mais iluminador é o círio, que deve ser de cera, novo cada ano e relativamente grande, para poder evocar que Cristo é a luz dos povos. Ao acender o círio pascal do lume novo, o sacerdote diz: «A luz de Cristo gloriosamente ressuscitado nos dissipe as trevas do coração e do espírito» e depois apresenta o círio como «lumen Christi - a luz de Cristo». Quando alguém nasce, costuma-se dizer que «veio à luz» ou que «a mãe deu à luz». Podemos, por isso dizer que a Igreja veio à luz na Páscoa de Cristo. De facto, toda a vida da Igreja encontra a sua fonte no mistério da Páscoa de Cristo.
A água na liturgia é, igualmente, um símbolo muito significativo. «A água é rica de mistério» (R. Guardini). Ela é simples, pura, limpa e desinteressada. Símbolo perfeito da vida, que Deus preparou, ao longos dos tempos, para manifestar melhor o sentido do Batismo. A oração da bênção da água faz memória da ação salvífica de Deus na história através da água. Com efeito, a água é benzida, para que o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, «no sacramento do Batismo seja purificado das velhas impurezas e ressuscite homem novo pela água e pelo Espírito Santo». Na tradição eclesial, a fonte batismal é comparada ao seio materno e a Igreja à mãe que dá à luz
O simbolismo fundamental da celebração litúrgica da Vigília é o de ser uma “noite clara”, ou melhor «a noite que brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz». Esta noite inaugura o “Hodie - Hoje” da liturgia, como se tratasse de um único dia de festa sem ocaso (o dia da celebração festiva da Igreja que se prolonga pela oitava pascal e pelos cinquenta dias do Tempo pascal), no qual se diz «eis o dia que fez o Senhor, nele exultemos e nos alegremos» (Sl 118).
Padre José Cordeiro, Reitor do Pontifício Colégio Português (Roma)




QUINTA FEIRA DA SEMANA SANTA CEIA DO SENHOR(branco, glória, prefácio da eucaristia - ofício próprio)

Antífona da entrada
- A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou (Gl 6,14).

Oração do dia
- Ó Pai, estamos reunidos para a santa ceia, na qual o vosso Filho único, ao entregar-se à morte, deu à Igreja um novo e eterno sacrifício, como banquete do seu amor. Concedei-nos, por este mistério tão excelso, chegar à plenitude da caridade e da vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Ex 12, 1-8.11-14
- Leitura do livro Êxodo - Naqueles dias: 1O Senhor disse a Moisés e a Aarão no Egito: 2“Este mês será para vós o começo dos meses; será o primeiro mês do ano. 3Falai a toda a comunidade dos filhos de Israel, dizendo: ‘No décimo dia deste mês, cada um tome um cordeiro por família, um cordeiro para cada casa. 4Se a família não for bastante numerosa para comer um cordeiro, convidará também o vizinho mais próximo, de acordo com o número de pessoas. Deveis calcular o número de comensais, conforme o tamanho do cordeiro. 5O cordeiro será sem defeito, macho, de um ano. Podereis escolher tanto um cordeiro, como um cabrito: 6e devereis guardá-lo preso até ao dia catorze deste mês. Então toda a comunidade de Israel reunida o imolará ao cair da tarde. 7Tomareis um pouco do seu sangue e untareis os marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerem. 8Comereis a carne nessa mesma noite, assada ao fogo, com pães ázimos e ervas amargas. 11Assim devereis comê-lo: com os rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. E comereis às pressas, pois é a Páscoa, isto é, a ‘Passagem’ do Senhor! 12E naquela noite passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; e infligirei castigos contra todos os deuses do Egito, eu, o Senhor. 13O sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora, quando eu ferir a terra do Egito. 14Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua.
- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 116B, 12-13.15-16bc.17-18 R=1Cor10,16R:  O cálice por nós abençoado / é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.
- Que poderei retribuir ao Senhor Deus / por tudo aquilo que ele fez em meu favor? / Elevo o cálice da minha salvação, / invocando o nome santo do Senhor. 
R:  O cálice por nós abençoado / é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.
- É sentida por demais pelo Senhor / a morte de seus santos, seus amigos. / Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, / mas me quebrastes os grilhões da escravidão! 
R:  O cálice por nós abençoado / é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.
- Por isso oferto um sacrifício de louvor, / invocando o nome santo do Senhor. / Vou cumprir minhas promessas ao Senhor / na presença de seu povo reunido. 
R:  O cálice por nós abençoado / é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

2ª Leitura: 1º Cor 11, 23-26
- Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios - Irmãos: 23O que eu recebi do Senhor foi isso que eu vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. 25Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em minha memória”.
26Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha.
- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

Aclamação ao santo Evangelho.
Glória a vós, ó Cristo, verbo de Deus.
- Eu vos dou este novo mandamento, nova ordem agora vos dou, que, também, vos ameis uns aos outros, como eu vos amei, diz o Senhor (Jo 13,34).
Glória a vós, ó Cristo, verbo de Deus.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 13, 1-15
1Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. 2Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. 3Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. 6Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” 7Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”. 8Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!” Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. 9Simão Pedro disse: “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”. 10Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”. 1Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: “Nem todos estais limpos”. 12Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? 13Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.
- Palavra da salvação. 
- Glória a vós, Senhor!

Liturgia comentada

Lavar-me os pés?! (Jo 13, 1-15)
 Carregada de emoção, a frase expressa o espanto de Pedro. O que Jesus lhe propunha constituía uma inaceitável inversão de posições: o servidor é quem lava os pés do seu Senhor. Não o contrário, como Jesus se dispõe a fazer.
 Claro que Jesus tinha uma intenção pedagógica. Tratava-se de um modelo de comportamento a ser imitado a seguir: “Assim também vós deveis lavar os pés uns aos outros.” (V. 14) Daí em diante, o espírito de competição, a volúpia de mando e a busca de honrarias já não teria nenhum cabimento...
 Naquele momento da Última Ceia, Pedro não pôde compreender o aparente absurdo. Mais tarde, ao morrer crucificado como seu Mestre, o velho pescador mostraria que tinha chegado a compreender...
 No Ícone do Lava-pés, Jesus tem a toalha e a bacia. Onze dos apóstolos são figurados sem as sandálias, isto é, estão prontos a aceitar o gesto de Jesus. Somente Judas Iscariotes se mantém calçado: ele recusa que Jesus lhe lave os pés, pois previamente decidira não corresponder a esse amor humilde... E a humildade de Jesus é muito exigente...
 Foi meditando nesta passagem do Evangelho que compus o soneto “Lava-pés”, na Quinta-feira Santa de 2004:
 Senhor Jesus, tu vens lavar-me os pés
 Manchados de poeira e de pecado?!
 Não vais ficar também emporcalhado,
 Tu que és mais puro do que o aloés?
Lavas meus dedos! Sabes bem: são dez...
Com eles caminhei no rumo errado
E, dos Dez Mandamentos afastado,
Acabei prisioneiro das galés...
 Jesus, sem ter pecado, sem ter falha,
 Tu prendes na cintura uma toalha,
 Enchendo de água pura uma bacia...
E, depois de lavar-me do meu crime,
O teu Sangue de novo me redime
E vem lavar minh’alma todo dia...

Orai sem cessar: “Lava-me por completo da minha iniqüidade!” (Sl 51 [50], 4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
santini@novaalianca.com.br

SEXTA FEIRA SANTA- PAIXÃO DO SENHOR DIA DE JEJUM E ABSTINÊNCIA(vermelho - ofício próprio)

Oração do dia
- Ó Deus, pela paixão de nosso Senhor Jesus Cristo destruístes a morte que o primeiro pecado transmitiu a todos. Concedei que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho e, assim como trouxemos pela natureza a imagem do homem terreno, possamos trazer pela graça a imagem do homem novo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Is 52, 13-53,12
- Leitura do livro do profeta Isaías - 13Ei-lo, o meu Servo será bem-sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. 14Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo — tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano —, 15do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram. 53,1Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado reconhecer a força do Senhor? 2Diante do Senhor ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. 3Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele. 4A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! 5Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura. 6Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós. 7Foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca. 8Foi atormentado pela angústia e foi condenado. Quem se preocuparia com sua história de origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos; e por causa do pecado do meu povo foi golpeado até morrer. 9Deram-lhe sepultura entre ímpios, um túmulo entre os ricos, porque ele não praticou o mal nem se encontrou falsidade em suas palavras. 10O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. 11Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas. 12Por isso, compartilharei com ele multidões e ele repartirá suas riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.
- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 31, 2.6.12-13.15-1617.25 R=Lc 23,48Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
R: Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
- Senhor, eu ponho em vós minha esperança;/ que eu não fique envergonhado eternamente!/ Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,/ porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
R: Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
- Tornei-me o opróbrio do inimigo,/ o desprezo e zombaria dos vizinhos,/ e objeto de pavor para os amigos;/ fogem de mim os que me veem pela rua./ Os corações me esqueceram como um morto,/ e tornei-me como um vaso espedaçado!
R: Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
- A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio,/ e afirmo que só vós sois o meu Deus!/ Eu entrego em vossas mãos o meu destino;/ libertai-me do inimigo e do opressor!
R: Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.
-  Mostrai serena a vossa face ao vosso servo,/ e salvai-me pela vossa compaixão!/ Fortalecei os corações, tende coragem,/ todos vós que ao Senhor vos confiais!
R: Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.

2ª Leitura: Hb 4, 14-16.5.7-9
- Leitura da carta aos Hebreus - Irmãos: 14Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. 15Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. 16Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno. 5,7Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus, por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

Aclamação ao santo Evangelho.
Louvor e honra, a vós, Senhor Jesus.
- Jesus Cristo se tornou obediente, obediente até a morte numa cruz; pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8).
Louvor e honra, a vós, Senhor Jesus.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 18, 1-19.42
Narrador 1: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo João. 
Naquele tempo, 1Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse: 
Pres.: “A quem procurais?” 
Narrador 1: 5Responderam: 
— “A Jesus, o Nazareno”. 
Narrador 1: Ele disse: 
Pres.: “Sou eu”.
Narrador 1: Judas, o traidor, estava junto com eles. 6Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. 7De novo lhes perguntou:
Pres.: “A quem procurais?” 
Narrador 1: Eles responderam: 
— “A Jesus, o Nazareno”.
Narrador 1: 8Jesus respondeu: 
Pres.: “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem”.
Narrador 1: 9Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito: 
Pres.: “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”.
Narrador 2: 10Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Então Jesus disse a Pedro: 
Pres.: “Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?” 
Narrador 2: 12Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. 14Foi Caifás que deu aos judeus o conselho: 
Leitor 1: “É preferível que um só morra pelo povo”. 
Narrador 2: 15Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote. 16Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17A criada que guardava a porta disse a Pedro: 
Mulher: “Não pertences também tu aos discípulos desse homem?” 
Narrador 2: Ele respondeu: 
Leitor 1: “Não”. 
Narrador 2: 18Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19Entretanto, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20Jesus lhe respondeu: 
Pres.: “Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse”.
Narrador 2: 22Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo: 
Leitor 1: “É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?” 
Narrador 2: 23Respondeu-lhe Jesus: 
Pres.: “Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?” 
Narrador 1: 24Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o Sumo Sacerdote. 25Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe: 
Leitor 1: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?”
Narrador 1: Pedro negou: 
Leitor 2: “Não!” 
Narrador 1: 26Então um dos empregados do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: 
Leitor 1: “Será que não te vi no jardim com ele?” 
Narrador 2: 27Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. 28De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa. 29Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse: 
Pilatos: “Que acusação apresentais contra este homem?” 
Narrador 2: 30Eles responderam:
— “Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!” 
Narrador 2: 31Pilatos disse: 
Pilatos: “Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei”. 
Narrador 2: Os judeus lhe responderam: 
— “Nós não podemos condenar ninguém à morte”. 
Narrador 1: 32Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 33Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: 
Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?” 
Narrador 1: 34Jesus respondeu: 
Pres.: “Estás dizendo isto por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?” 
Narrador 1: 35Pilatos falou:
Pilatos: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?” 
Narrador 1: 36Jesus respondeu: 
Pres.: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. 
Narrador 1: 37Pilatos disse a Jesus: 
Pilatos: “Então, tu és rei?” 
Narrador 1: Jesus respondeu: 
Pres.: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. 
Narrador 1: 38Pilatos disse a Jesus: 
Pilatos: “O que é a verdade?” 
Narrador 1: Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes: 
Pilatos: “Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?” 
Narrador 1: 40Então, começaram a gritar de novo: 
— “Este não, mas Barrabás!” 
Narrador 2: Barrabás era um bandido. 19,1Então Pilatos mandou flagelar Jesus. 2Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus. Vestiram-no com um manto vermelho, 3aproximavam-se dele e diziam: 
— “Viva o rei dos judeus!” 
Narrador 2: E davam-lhe bofetadas. 4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus: 
Pilatos: “Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum”. 
Narrador 2: 5Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes: 
Pilatos: “Eis o homem!” 
Narrador 2: 6Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar: 
— “Crucifica-o! Crucifica-o!” 
Narrador 2: Pilatos respondeu: 
Pilatos: “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”. 
Narrador 2: 7Os judeus responderam: 
— “Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”. 
Narrador 2: 8Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus: 
Pilatos: “De onde és tu?” 
Narrador 2: Jesus ficou calado. 10Então Pilatos disse: 
Pilatos: “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?” 
Narrador 2: 11Jesus respondeu:
Pres.: “Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior”.
Narrador 2: 12Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam: 
— “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”.
Narrador 2: 13Ouvindo essas palavras, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Pavimento”, em hebraico “Gábata”. 14Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: 
Pilatos: “Eis o vosso rei!” 
Narrador 2: 15Eles, porém, gritavam: 
— “Fora! Fora! Crucifica-o!” 
Narrador 2: Pilatos disse: 
Pilatos: “Hei de crucificar o vosso rei?” 
Narrador 2: Os sumos sacerdotes responderam: 
— “Não temos outro rei senão César”. 
Narrador 2: 16Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram.
Narrador 1: 17Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado Calvário”, em hebraico “Gólgota”. 18Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio.
Narrador 1: 19Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito: 
— “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”.
Narrador 1: 20Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 
Narrador 1: 21Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: 
— “Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim o que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’”.
Narrador 1: 22Pilatos respondeu: 
Pilatos: “O que escrevi, está escrito”.
Narrador 1: 23Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto abaixo. 24Disseram então entre si: 
— “Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será”. 
Narrador 2: Assim se cumpria a Escritura que diz: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”. Assim procederam os soldados.
Narrador 1: 25Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: 
Pres.: “Mulher, este é o teu filho”. 
Narrador 1: 27Depois disse ao discípulo:
Pres.: “Esta é a tua mãe”. 
Narrador 1: Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. 28Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: 
Pres.: “Tenho sede”.
Narrador 1: 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30Ele tomou o vinagre e disse: 
Pres.: “Tudo está consumado”. 
Narrador 1: E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
(Aqui todos se ajoelham.)
Narrador 2: 31Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz.
Narrador 1: 32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus. 33Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 
Narrador 2: 35Aquele que viu dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. 37E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”.
Narrador 1: 38Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus — mas às escondidas, por medo dos judeus — pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido a Jesus de noite. Trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. 40Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar.
Narrador 2: 41No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 42Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!

Liturgia comentada
Mete a espada na bainha! (Jo 18, 1 – 19, 42)
 Os discípulos de Jesus não eram propriamente uns pacifistas... Além das freqüentes altercações no interior do grupo, dois deles até ganharam o apelido de “filhos do Trovão” [Boanerges], por manifestarem a intenção de pedir o fogo do céu sobre os samaritanos (Mc 3, 17).
Convém lembrar que a Palestina estava sob dominação romana. As águias das legiões invasoras estavam por toda parte. Ainda que as autoridades religiosas e os herodianos compactuassem com a ocupação (e até lucrassem com isso!), no meio do povo havia um ódio surdo contra Roma. Houve revoltas populares e uma guerrilha permanente movida pelos zelotas. Os exegetas reconhecem um ou dois zelotas entre os Doze, em especial o segundo Simão (cf. Lc 6, 15). Em outra passagem, o Evangelho registra que entre os Doze havia “duas espadas” (Lc 22, 38).
Hoje, no momento da prisão de Jesus, Simão Pedro saca da espada e fere a cabeça de um dos homens enviados pelos sacerdotes do Templo, decepando-lhe a orelha. A pronta reação do Senhor foi um imperativo seco: “Mete a espada na bainha!” E, de imediato, tocou a ferida do servo, curando-o (Lc 22, 51).
Creio que este exemplo é suficiente para que todo cristão desista, de uma vez por todas, do uso da violência para corrigir os erros individuais e sociais. Quando, nos últimos tempos, setores cristãos adotaram métodos e conceitos marxistas para “construir o Reino”, estimulando a luta de classes e acendendo rastilhos de ódio como reação aos pecados do sistema, certamente não seguiam os ensinamentos de Cristo.
Jesus se entrega. Abandona-se nas mãos de seus algozes. Nos primeiros tempos da Igreja, todo cristão sabia que seu futuro incluía os leões da arena e os carrascos do Imperador. E era com alegria – e sem ódio! – que eles enfrentavam o martírio no Coliseu e os trabalhos forçados nas minas de metal.
Jesus é o manso cordeiro antevisto por Isaías: “Brutalizado, ele se humilha, não abre a boca; como um cordeiro é arrastado  ao matadouro, como uma ovelha emudece diante dos tosquiadores, ele não abre a boca.” (Is 53, 7) É a esse Cordeiro de Deus que nos dirigimos, em cada Eucaristia, pedindo a paz: “Cordeiro de Deus / que tirais o pecado do mundo / dai-nos a paz!”
Ora, como pediremos a paz se tambores de guerra ruflam permanentemente em nossos corações?
Orai sem cessar: “Escuto o que diz o Senhor; Ele diz: ‘Paz’”. (Sl 85 [84], 9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br

SABADO - VIGÍLIA PASCAL(branco, glória, prefácio da Páscoa I - ofício próprio)

1ª Leitura: Gn 1, 1.26-31
- Leitura do livro Gênesis - 1No princípio, Deus criou os céus e a terra. 26Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. 27Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. 28Deus os abençoou: Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra. 29Deus disse: Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento. 30E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus, a tudo o que se arrasta sobre a terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda erva verde por alimento. E assim se fez. 31Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o sexto dia.
- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

II leitura:  Gn 22, 1-2.9-13.15-18
- Leitura do livro do Gênesis - 1Depois disso, Deus provou Abraão, e disse-lhe: "Abraão!" "Eis-me aqui", respondeu ele. 2Deus disse: "Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de Moriá, onde tu o oferecerás em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar." 9Quando chegaram ao lugar indicado por Deus, Abraão edificou um altar; colocou nele a lenha, e amarrou Isaac, seu filho, e o pôs sobre o altar em cima da lenha. 10Depois, estendendo a mão, tomou a faca para imolar o seu filho. 11O anjo do Senhor, porém, gritou-lhe do céu: "Abraão! Abraão!" "Eis-me aqui!" 12"Não estendas a tua mão contra o menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único." 13Abraão, levantando os olhos, viu atrás dele um cordeiro preso pelos chifres entre os espinhos; e, tomando-o, ofereceu-o em holocausto em lugar de seu filho. 15Pela segunda vez chamou o anjo do Senhor a Abraão, do céu, 16e disse-lhe: "Juro por mim mesmo, diz o Senhor: pois que fizeste isto, e não me recusaste teu filho, teu filho único, eu te abençoarei. 17Multiplicarei a tua posteridade como as estrelas do céu, e como a areia na praia do mar. Ela possuirá a porta dos teus inimigos, 18e todas as nações da terra desejarão ser benditas como ela, porque obedeceste à minha voz."
- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

III leitura: Ex 14, 15-15,1
- Leitura do livro do Êxodo - Naqueles dias, 15O Senhor disse a Moisés: "Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que se ponham a caminho. 16E tu, levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e fere-o, para que os israelitas possam atravessá-lo a pé enxuto. 17Vou endurecer o coração dos egípcios, para que se ponham ao teu encalço, e triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre todo o seu exército, seus carros e seus cavaleiros. 18Os egípcios saberão que eu sou o Senhor quando tiver alcançado esse glorioso triunfo sobre o faraó, seus carros e seus cavaleiros." 19O anjo de Deus, que marchava à frente do exército dos israelitas, mudou de lugar e passou para trás; a coluna de nuvens que os precedia pôs-se detrás deles, 20entre o acampamento dos egípcios e o de Israel. Era obscura, e alumiava a noite. E não puderam aproximar-se um do outro, durante a noite inteira. 21Moisés estendeu a mão sobre o mar. O Senhor fê-lo recuar com um vento impetuoso vindo do oriente, que soprou toda a noite. E pôs o mar a seco. As águas dividiram-se 22e os israelitas desceram a pé enxuto no meio do mar, enquanto as águas formavam uma muralha à direita e à esquerda. 23Os egípcios os perseguiram: todos os cavalos do faraó, seus carros e seus cavaleiros internaram-se após eles no leito do mar. 24É vigília da manhã, o Senhor, do alto da coluna de fogo e da de nuvens, olhou para o acampamento dos egípcios e semeou o pânico no meio deles. 25Embaraçou-lhes as rodas dos carros de tal sorte que, só dificilmente, conseguiam avançar. Disseram então os egípcios: "Fujamos diante de Israel, porque o Senhor combate por eles contra o Egito." 26O Senhor disse a Moisés: "Estende tua mão sobre o mar, e as águas voltar-se-ão sobre os egípcios, seus carros e seus cavaleiros." 27Moisés estendeu a mão sobre o mar, e este, ao romper da manhã, voltou ao seu nível habitual. Os egípcios que fugiam foram de encontro a ele, e o Senhor derribou os egípcios no meio do mar. 28As águas voltaram e cobriram os carros, os cavaleiros e todo o exército do faraó que havia descido no mar ao encalço dos israelitas. Não ficou um sequer. 29Mas os israelitas tinham andado a pé enxuto no leito do mar, enquanto as águas formavam uma muralha à direita e à esquerda. 30Foi assim que naquele dia o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios. E Israel viu os cadáveres dos egípcios na praia do mar. 31Viu Israel o grande poder que o Senhor tinha exercido contra os egípcios. Por isso, o povo temeu o Senhor e confiou nele e em seu servo Moisés. 1Então Moisés e os israelitas entoaram em honra do Senhor o seguinte cântico: "Cantarei ao Senhor, porque ele manifestou sua glória. Precipitou no mar cavalos e cavaleiros.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: (103)R: Enviai o vosso Espírito, Senhor, / Senhor, / e da terra toda a face renovai.
1. Bendize, ó minha alma, o Senhor! Senhor, meu Deus, vós sois imensamente grande! De majestade e esplendor vos revestis, envolvido de luz como de um manto. Vós estendestes o céu qual pavilhão, - R.
2. Fundastes a terra em bases sólidas que são eternamente inabaláveis. Vós a tínheis coberto com o manto do oceano, as águas ultrapassavam as montanhas. - R.
3. Mandastes as fontes correr em riachos, que serpeiam por entre os montes. - R.
4. Os pássaros do céu vêm aninhar em suas margens, e cantam entre as folhagens. - R.
5. Do alto de vossas moradas derramais a chuva nas montanhas, do fruto de vossas obras se farta a terra. Fazeis brotar a relva para o gado, e plantas úteis ao homem, para que da terra possa extrair o pão - R.
6. Ó Senhor, quão variadas são as vossas obras! Feitas, todas, com sabedoria, a terra está cheia das coisas que criastes. - R.
7. Sejam tirados da terra os pecadores e doravante desapareçam os ímpios. Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Aleluia. - R.

Salmos responsorial: (15)
R: Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
1. Senhor, vós sois a minha parte de herança e meu cálice; vós tendes nas mãos o meu destino. - R.
2. Ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele está à minha direita; não vacilarei. - R.
3. Por isso meu coração se alegra e minha alma exulta, até meu corpo descansará seguro, porque vós não abandonareis minha alma na habitação dos mortos, nem permitireis que vosso Santo conheça a corrupção. - R.
4. Vós me ensinareis o caminho da vida, há abundância de alegria junto de vós, e delícias eternas à vossa direita. - R.

Salmos Responsorial:  (Ex. 15)
R: Cantemos ao Senhor, que fez brilhar a sua glória!
1. Então Moisés e os israelitas entoaram em honra do Senhor o seguinte cântico: "Cantarei ao Senhor, porque ele manifestou sua glória. Precipitou no mar cavalos e cavaleiros. O Senhor é a minha força e o objeto do meu cântico; foi ele quem me salvou. Ele é o meu Deus à eu o celebrarei; o Deus de meu pai à eu o exaltarei. - R.
2. O Senhor é o herói dos combates, seu nome é Javé. Lançou no mar os carros do faraó e o seu exército; a elite de seus combatentes afogou-se no mar Vermelho; - R.
3. o abismo os cobriu; afundaram-se nas águas como pedra. A vossa (mão) direita, ó Senhor, manifestou sua força. Vossa direita aniquilou o inimigo. - R.
4. Conduzi-lo-eis e o plantareis na montanha que vos pertence, no lugar que preparastes para vossa habitação, Senhor, no santuário, Senhor, que vossas mãos fundaram. O Senhor é rei para sempre, sem fim!" - R.

Salmos Responsorial: (29)
R: Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes!
1. Eu vos exaltarei, Senhor, porque me livrastes, não permitistes que exultassem sobre mim meus inimigos. - R.
2. Senhor, minha alma foi tirada por vós da habitação dos mortos; dentre os que descem para o túmulo, vós me salvastes. - R.
3. Ó vós, fiéis do Senhor, cantai sua glória, dai graças ao seu santo nome. Porque a sua indignação dura apenas um momento, enquanto sua benevolência é para toda a vida. Pela tarde, vem o pranto, mas, de manhã, volta a alegria. - R.
4. Ouvi-me, Senhor, e tende piedade de mim; Senhor, vinde em minha ajuda. - R.
5. Vós convertestes o meu pranto em prazer, tirastes minhas vestes de penitência e me cingistes de alegria. - R.
6. Assim, minha alma vos louvará sem calar jamais. Senhor, meu Deus, eu vos bendirei eternamente. - R.

Salmos Responsorial: (Is 12)
R: Com alegria bebereis do manancial da salvação.
1. Eis o Deus que me salva, tenho confiança e nada temo, porque minha força e meu canto é o Senhor, e ele foi o meu salvador. Vós tirareis com alegria água das fontes da salvação, - R.
2. e direis naquele tempo: Louvai ao Senhor, invocai o seu nome, fazei que suas obras sejam conhecidas entre os povos; proclamai que seu nome é sublime. - R.
3. Cantai ao Senhor, porque ele fez maravilhas, e que isto seja conhecido por toda a terra. Exultai de gozo e alegria, habitantes de Sião, porque é grande no meio de vós o Santo de Israel. - R.

Salmos Responsorial: (18)
R: Senhor, tens palavras de vida eterna.
1. A lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma; a ordem do Senhor é segura, instrui o simples. - R.
2. Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos. - R.
3. O temor do Senhor é puro, subsiste eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros, todos igualmente justos. Mais desejáveis que o ouro, que uma barra de ouro fino; mais doces que o mel, que o puro mel dos favos. - R.

Salmos Responsorial: (41)
R: A minha alma tem sede de Deu.
1. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus? Minhas lágrimas se converteram em alimento dia e noite, enquanto me repetem sem cessar: Teu Deus, onde está? Lembro-me, e esta recordação me parte a alma, como ia entre a turba, e os conduzia à casa de Deus, entre gritos de júbilo e louvor de uma multidão em festa. - R.
2. Lançai sobre mim a vossa luz e fidelidade; que elas me guiem, e me conduzam ao vosso monte santo, aos vossos tabernáculos. E me aproximarei do altar de Deus, do Deus de minha alegria e exultação. - R.

Salmos Responsorial: (117)
R: Aleluia, aleluia, aleluia.
1. Aleluia. Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque eterna é a sua misericórdia. Diga a casa de Israel: Eterna é sua misericórdia. - R.
2. a destra do Senhor fez prodígios, levantou-me a destra do Senhor; fez maravilhas a destra do Senhor. Não hei de morrer; viverei para narrar as obras do Senhor. - R.
3. A pedra rejeitada pelos arquitetos tornou-se a pedra angular. Isto foi obra do Senhor, é um prodígio aos nossos olhos. - R.

IV leitura: Is 54, 5-14
Leitura do livro do profeta Isaías - Naqueles dias, 5pois teu esposo é o teu Criador: chama-se o Senhor dos exércitos; teu Redentor é o Santo de Israel: chama-se o Deus de toda a terra. 6Como uma mulher abandonada e aflita, eu te chamo. Pode-se repudiar uma mulher desposada na juventude? - diz o Senhor teu Deus. 7Por um momento eu te havia abandonado, mas com profunda afeição eu te recebo de novo. 8Num acesso de cólera volvi de ti minha face. Mas no meu eterno amor, tenho compaixão de ti. 9Vou fazer hoje como no tempo de Noé: tal como jurei então que o dilúvio de Noé não mais se abateria sobre a terra, do mesmo modo faço juramento de não mais me irritar contra ti, e de nunca mais te atemorizar. 10Mesmo que as montanhas oscilassem e as colinas se abalassem, jamais meu amor te abandonará e jamais meu pacto de paz vacilará, diz o Senhor que se compadeceu de ti. 11Infeliz, sacudida pela tempestade e sem alívio, eis que te vou construir em pedra de jaspe e preparar teus alicerces de safira. 12Farei tuas ameias de rubis, as portas de cristal, e todo um recinto de pedras preciosas. 13Todos os teus filhos serão instruídos pelo Senhor, e a felicidade deles será grande; tu serás fundada sobre a justiça. 14Serás isenta de qualquer opressão, nada terás a temer, e de todo o terror, pois não poderá atingir-te.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

V leitura: Is 55, 1-11
Leitura do livro do profeta Isaías - Naqueles dias, 1Todos vós, que estais sedentos, vinde à nascente das águas; vinde comer, vós que não tendes alimento. Vinde comprar trigo sem dinheiro, vinho e leite sem pagar! 2Por que despender vosso dinheiro naquilo que não alimenta, e o produto de vosso trabalho naquilo que não sacia? Se me ouvis, comereis excelentes manjares, uma suculenta comida fará vossas delícias. 3Prestai-me atenção, e vinde a mim; escutai, e vossa alma viverá: quero concluir convosco uma eterna aliança, outorgando-vos os favores prometidos a Davi. 4Farei de ti um testemunho para os povos, um condutor soberano das nações; 5conclamarás povos que nunca conheceste, e nações que te ignoravam acorrerão a ti, por causa do Senhor teu Deus, e do Santo de Israel que fará tua glória. 6Buscai o Senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o, já que está perto. 7Renuncie o malvado a seu comportamento, e o pecador a seus projetos; volte ao Senhor, que dele terá piedade, e a nosso Deus que perdoa generosamente. 8Pois meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor; 9mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos. 10Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, 11assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

VI leitura: Br 3, 9-15.32-4,4
Leitura do livro do profeta Baruc - Naqueles dias, 9Escuta, Israel, os mandamentos de vida; medita, a fim de que aprendas a prudência. 10Donde vem, Israel, donde vem, que te encontras em terra inimiga, que definhas em solo estranho, passas por imundo, qual cadáver, 11e és contado entre os ocupantes dos túmulos? 12Negligenciaste a fonte da sabedoria. 13Se houvesses caminhado pelas sendas de Deus, poderias habitar para sempre na paz. 14Aprende onde se acha a prudência, a força e a inteligência, a fim de que saibas, ao mesmo tempo, onde se encontram a vida longa e a felicidade, o fulgor dos olhos e a paz. 15Quem jamais encontrou sua morada, e penetrou em seus domínios? 32Somente aquele que tudo sabe a conhece, e por efeito de sua prudência a descobre; aquele que criou a terra para tempos que não findam; aquele que de animais a povoou; 33aquele que lança o relâmpago e o faz brilhar, que o chama e ele, bramindo, obedece. 34Brilham em seus postos as estrelas e se alegram; 35e as chama, e respondem: Aqui estamos. E jubilosas refulgem para o seu criador. 36É ele o nosso Deus, com ele nenhum outro se compara. 37Conhece a fundo os caminhos que conduzem à sabedoria, galardoando com ela Jacó, seu servo, e Israel, seu favorecido. 38Foi então que ela apareceu sobre a terra, onde permanece entre os homens. 1Ela é o livro dos mandamentos divinos e a Lei que subsiste para todo o sempre. Todos aqueles que a seguem adquirirão a vida, e os que a abandonam morrerão. 2Volta para ela, Jacó, abraça-a. Caminha ao seu encontro, ao esplendor da sua luz. 3Não entregues a outros esta glória, nem relegues esta salvação a nação estrangeira. 4Ditosos somos nós, Israel, porque a nós foi revelado o que agrada a Deus!
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

VII leitura: Ez 36, 16-28
Leitura da profecia de Ezequiel - Naqueles dias, 16A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 17filho do homem, quando os israelitas habitavam sobre o seu território, eles mancharam-no por seu comportamento e seus atos: seu proceder era, a meus olhos, como a menstruação de uma mulher. 18Por isso desencadeei sobre eles o meu furor, devido ao sangue que tinham derramado sobre a terra e aos ídolos com que a profanaram; 19eu os dispersei no meio das nações e os disseminei entre as nações estrangeiras: foi esse um julgamento apropriado a seu comportamento e aos seus atos. 20Entre todos os povos aonde foram, aviltaram o meu santo nome, porque se dizia deles: eis o povo do Senhor, eles deixaram a sua terra. 21Eu, pois, quis salvar a honra do meu santo nome, que os israelitas profanaram entre as nações, às quais tinham ido. 22Por isso, declara à casa de Israel o que segue: eis o que diz o Senhor Javé: não é por vós que faço isto, ó israelitas, mas por honra do meu santo nome que profanastes entre pagãos, aonde tínheis ido. 23Quero manifestar a santidade do meu augusto nome que aviltastes, profanando-o entre as nações pagãs, a fim de que conheçam que eu sou o Senhor - oráculo do Senhor Javé -, quando sob seus olhares eu houver manifestado a minha santidade por meu proceder em relação a vós. 24Eu vos retirarei do meio das nações, eu vos reunirei de todos os lugares, e vos conduzirei ao vosso solo. 25Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações. 26Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. 27Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos. 28Habitareis a terra de que fiz presente a vossos pais; sereis meu povo, e serei vosso Deus.
- Palavra do Senhor.
 - Graças a Deus.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 16, 1-7
- 1Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus. 2E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado. 3E diziam entre si: Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro? 4Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande. 5Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. 6Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram. 7Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis como vos disse.
- Palavra da salvação. 
- Glória a vós, Senhor!

Liturgia comentada
Foram ao túmulo... (Mc 16, 1-7)
 Nada menos que uma procissão fúnebre! Afinal, o Mestre está morto. Só deixou saudades. Todas as esperanças ruíram como um castelo de areia. Aqueles que ficam neste mundo manifestam sua dor levando flores e aromas à sepultura do Amado que se foi...
 Mas ocorre algo impensável: o túmulo na rocha está vazio. O jovem de branco – um anjo – chega a ser lacônico: “Não está aqui!” Nos pálidos alvores da Páscoa, os seguidores de Jesus devem mudar sua perspectiva diante da inesperada notícia: Ele ressuscitou!
 Morei 27 anos na Cidade Ozanam, em Belo Horizonte, na Paróquia São Vicente de Paulo. Os paroquianos mantinham viva a tradição do “velório” do Senhor Morto, típica de certas áreas do interior do Brasil. Na capelinha dos vicentinos, a imagem de Jesus era envolvida em aromas: ramos de alecrim, manjericão, cipreste etc. Tudo para acentuar o realismo da morte de Jesus.
 É notável a ênfase que o povo brasileiro dá à Sexta-feira Santa, em detrimento da Vigília Pascal e da Ressurreição, o que explica a igreja superlotada na celebração da morte, mas quase vazia no dia de Páscoa. Alguns analistas justificam o fato com a hipótese de serem a dor e o sofrimento o ponto de contato de nosso povo com Cristo, ao lado da falta de uma experiência de Ressurreição com Ele.
 São João Crisóstomo aponta em outra direção:
 “Que ninguém tema a morte: a morte do Salvador nos libertou dela. Ele a lançou por terra quando ela o mantinha em correntes. Ele despojou o inferno, Ele que ali desceu. Ao inferno, que queria alimentar-se de sua carne, Ele o destruiu.”
 Neste hino da manhã de Páscoa, típico da liturgia bizantina, João Crisóstomo se ri da morte:
 “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Inferno, onde está a tua vitória? Cristo ressuscitou e tu foste precipitado. Cristo ressuscitou e os demônios caíram por terra. Cristo ressuscitou e os anjos estão alegres. Cristo ressuscitou e a vida triunfa. Cristo ressuscitou e não há mais mortos nos túmulos. Pois o Cristo, ressuscitado dos mortos, tornou-se as primícias dos defuntos. A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.”

Orai sem cessar: “A morte não existirá mais...” (Ap 21,4b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

DOMINGO - PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO(branco, glória, creio, prefácio da páscoa I - I semana do saltério)

Antífona da entrada
- Ressuscitei, ó Pai, e sempre estou contigo: pousaste sobre mim a tua mão, tua sabedoria é admirável, aleluia! (Sl 138,18.5)

Oração do dia
- Ó Deus, por vosso Filho unigênito, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concedei que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: At 10, 34.37-43
- Leitura dos Atos dos Apóstolos - Naqueles dias, 34Pedro tomou a palavra e disse: 37“Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judéia, a começar pela Galiléia, depois do batismo pregado por João: 38como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele. 39E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. 40Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se 41não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. 42E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos. 43Todos os profetas dão testemunho dele: “Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados”.
- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 118,1-2.16ab-17.22-23 R: 24- Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos! 
R: Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!
- Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!/ “Eterna é a sua misericórdia!”/ A casa de Israel agora o diga:/ “Eterna é a sua misericórdia!”
R: Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!
- A mão direita do Senhor fez maravilhas,/ a mão direita do Senhor me levantou./ Não morrerei, mas, ao contrário, viverei/ para cantar as grandes obras do Senhor! 
R: Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!
- A pedra que os pedreiros rejeitaram/ tornou-se agora a pedra angular./ Pelo Senhor é que foi feito tudo isso;/ Que maravilhas ele fez a nossos olhos!
R: Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!

2ª Leitura: Cl 3, 1-4
- Leitura da carta de São Paulo aos Colossenses - Irmãos: 1Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, 2onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. 3Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus. 4Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória.
- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.
Seqüência (2 coros) (Antes da Aclamação)
- Cantai, cristãos, afinal:/ “Salve, ó vítima pascal!”/ Cordeiro inocente, o Cristo/ abriu-nos do Pai o aprisco. 
- Por toda ovelha imolado,/ do mundo lava o pecado./ Duelam forte e mais forte:/ é a vida que enfrenta a morte. 
-- O rei da vida, cativo,/ é morto, mas reina vivo!/ Responde, pois, ó Maria:/ no teu caminho o que havia?
- “Vi Cristo ressuscitado,/ o túmulo abandonado./ Os anjos da cor do sol,/ dobrado ao chão o lençol...
- O Cristo, que leva aos céus,/ caminha à frente dos seus!”/ Ressuscitou de verdade./ Ó Rei, ó Cristo, piedade!

Aclamação ao santo Evangelho.
Aleluia, aleluia, aleluia.
O nosso cordeiro pascal, Jesus Cristo, já foi imolado. Celebremos, assim, esta festa na sinceridade e verdade (1Cor 5,7).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 20, 1-9
1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido tirada do túmulo. 2Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. 3Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 
5Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. 
6Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. 
8Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou. 9De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos.
- Palavra da salvação. 
- Glória a vós, Senhor!
 
Liturgia comentada
Ambos corriam juntos... (Jo 20, 1-9)
 Madrugada de domingo. Ainda está “meio escuro”. Mas todos parecem ter pressa... Depois do silêncio e da imobilidade do Sábado Santo, quando os corações estavam de luto pela morte do Senhor, os primeiros boatos sobre a Ressurreição injetam adrenalina e mobilizam os músculos... das pernas! É hora de correr!
 De fato, Madalena corre até Simão Pedro para anunciar que o túmulo estava vazio. Pedro e o outro discípulo (João, que narra a cena) também correm. Correm juntos, diz o texto do Evangelho: duo simul, traduziu São Jerônimo.
 Temos aqui dois tópicos para nossa reflexão. Se nosso cristianismo estacionou no Cristo morto da Sexta feira Santa, adotaremos todos uma atitude estática, morna, rotineira. Deixaremos as coisas como estão. Teremos as pernas pesadas. Mas se ouvimos a boa notícia da Ressurreição do Senhor, de imediato moveremos as pernas e nos poremos a caminhar. No mínimo, nos moveremos para “verificar” a boa notícia. E, uma vez verificada, nós seremos os missionários que o Senhor deseja. Madre Teresa de Calcutá confirma: “Se queremos ser missionários, precisamos mover as pernas!”
 O segundo ponto é que Pedro e João – isto é, a instituição e o carisma – corriam juntos. E se João, muito mais moço, chega primeiro, tem o cuidado e a reverência de aguardar por Simão Pedro. Este entrará primeiro no túmulo vazio. E ambos – juntos – contemplarão vazio o casulo formado pelas bandagens que antes envolveram o corpo do Senhor. Os 32kg de aromas (mirra em pó e aloés líquido) com que José de Arimatéia envolvera o cadáver de Jesus, produziram, após algumas horas, uma crosta sólida que manteve o formato do “casulo” depois que Jesus, ao ressuscitar, abandonou seu invólucro temporário. Foi isto que levou o discípulo a ver e crer (v. 8).
 Nossa Igreja precisa levar em conta esta lição: a Instituição precisa do ânimo novo do Carisma e não pode sufocá-lo. Este, por sua vez, depende da estabilidade e do discernimento da Hierarquia. Como ensina o Concílio Vaticano II, o Espírito Santo “dota e dirige a Igreja mediante os diversos dons hierárquicos e carismáticos”. (Cf. Lumen Gentium, 4.)
 Inaugurando um novo tempo pascal, qual o novo trajeto que devemos caminhar? Como estamos procurando harmonizar nossos carismas com a instituição eclesial?

Orai sem cessar: “Fazei-nos, Senhor, testemunhas de vossa ressurreição!”
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br